quinta-feira, 28 de junho de 2012



DEPOIMENTO 2:
O próximo profissional a fornecer sua experiência na área da Oceanografia é a Msc. Camila Burigo Marin.
Leciona na Universidade Federal de Santa Catarina e na UNIVALI.

> Camila, muito obrigada pela participação no blog, aceitando de primeira a ideia e ainda contribuindo com novas... em breve teremos novidades!
E além disso, agradeço também pelo grande exemplo de dedicação aos Oceanos que você é pra mim e inclusive por estar do meu lado no projeto de Resíduos Sólidos... sempre teremos muito o que fazer pelos mares e é ótimo saber que audaciosos profissionais estão nesta jornada!

Foto: Glauco Caon
"Camila em uma de suas viagens à Antártica"
> O que te levou a estudar Oceanografia?
     
     Desde pequena tenho uma ligação muito forte com o Mar. Mas quando me perguntavam o que eu ia ser quando crescer eu dizia: Cientista.
Até que tive meu primeiro contato com a Oceanografia na UNIVALI. Eu estudava no Colégio de aplicação da UNIVALI e via os mergulhadores na piscina, os animais serem trazidos para o museu, os pinguins doentes na reabilitação.
     Isso tudo me despertava muito interesse, eu queria entender que animais eram aqueles, onde eles viviam e o que comiam. A partir de então comecei a fugir de casa pra mergulhar e investigar as espécies no costão rochoso. Quando eu ia pra escola acabava passando o recreio na biblioteca para achar explicações e os nomes dos animais que eu tinha visto, assim comecei a responder que queria ser Oceanógrafa. 


> De que forma aproveitou a graduação?

     Nunca fui aluna 10 em tempo integral, mas procurei sempre estudar e ler muito. Participava bastante das aulas e sempre ia às saídas de campo. Comecei a fazer estágio no final do primeiro ano de Faculdade e isso me abriu muitas portas depois de formada. Acho extremamente importante sair do teórico e colocar a mão na massa, no mar as coisas mudam e temos que estar preparados para lidar com as adversidades.


> Experiências no mercado de trabalho:
     
     Depois de formada fui “abduzida” pelo laboratório de oceanografia química e poluição marinha, da UNIVALI, onde já havia feito estágio por 3 anos, pra trabalhar no monitoramento do Porto de Itajaí.
Após 5meses me inscrevi para uma bolsa e acabei passando para trabalhar no grupo de oceanografia de altas latitudes da FURG, onde então fiz mestrado em Oceanografia Física, Química e Geológica e tive oportunidade de participar de expedições Antárticas e subantárticas. Assim que terminei o mestrado fui selecionada para participar como pesquisadora de um projeto de cooperação do Brasil com a Índia para investigações Antárticas.
     Quando eu entrei na Oceanografia eu não queria trabalhar com pessoas, eu ficava injuriada com a falta de bom senso, principalmente em relação às causas ambientais. Porém ao longo da graduação percebi que a educação era a melhor forma de mudar essa situação, a melhor forma de chamar a atenção sobre a importância dos oceanos, o que leva a minha atual posição no mercado de trabalho como docente. Estou a 1 ano como professora substituta na UFSC e mais recentemente na UNIVALI.


> O que mudou na tua visão sobre a profissão desde então?
     
     A dimensão. Antes meu limite era o costão rochoso hoje eu sei q existe uma gama de ambientes a serem desvendados, o nossa planeta água é imenso e pouco se sabe sobre o que acontece nele.
     O Oceanógrafo é um profissional muito versátil, talvez seja essa imensidão de possibilidades que me atrai e também torna o Oceanógrafo um profissional visado no mercado de trabalho.


> Recado para quem faz ou pretende fazer oceanografia:
     
     A oceanografia é uma miscelânea de temas, cores e sabores. E nem sempre é fácil se adaptar a essas condições. Embora essa diversidade de conteúdos nos dê uma visão ampla sobre os acontecimentos e processos, também causa certa confusão no principio. Mas o importante é não desanimar, pois quando se consegue observar a interligação entre as coisas é algo incrível.
     Acredito que pra evoluir profissionalmente e conseguir terminar a graduação é necessário amar o que se faz, ser audacioso e ter disposição, afinal temos um oceano de possibilidades basta o nosso empenho. 



quarta-feira, 6 de junho de 2012

     Uma boa maneira de inspirar a ideia da preservação, estudos e respeito com os oceanos, é conhecendo um pouco mais sobre os estudantes e profissionais que dedicam suas vidas a este propósito... A partir de hoje iniciaremos uma série de depoimentos, retratando as experiências, atividades e opiniões destas pessoas. E o que não pode faltar também, dicas pra quem pretende ou já começou a se dedicar aos estudos ambientais de uma forma geral.
     Para abrir esta série, trouxe o depoimento de uma oceanógrafa, que além de me inspirar, foi muito importante logo que ingressei na faculdade de oceanografia... bem como todos do laboratório de mergulho da Univali.
    Ju!!! Muito obrigada por aceitar participar do blog... parabéns pelo seu amor e dedicação ao teu trabalho.


DEPOIMENTO 1:
             Juliana Freitas, oceanógrafa com muito prazer! Sempre com satisfação eu falo isso...
     Conheci o curso de oceanografia no início dos anos 90, quando pouquíssimas universidades tinham esse curso. Quando me perguntavam o que eu ia querer ser quando crescesse, a resposta era sempre: - “Sei lá, no meio do mar...“
     Foi minha mãe que me apresentou o curso de oceanografia, e me apresentou da melhor forma possível: - “Não é pra ver peixinho ou mergulhar com golfinhos! O curso é integral e vais ter que trabalhar... Tem muuuito cálculo, física, geologia... Tá afim?” Eu tinha uns 14 anos e fui amadurecendo a ideia, não demorou muito pra eu ter certeza que queria ser oceanógrafa. 
     Entrei na UNIVALI em 2002 e logo comecei o primeiro estagio, com ecologia bentônica. Meu primeiro encanto, como pode ser tão perfeito! E como essa parte do ecossistema marinho sendo alterado pode afetar toda uma cadeia! 
Em 2004 fiz o curso de mergulho na própria universidade, e descobri o Mergulho Científico.        Maravilha, eu podia estudar a macrofauna bentônica utilizando o mergulho científico como ferramenta para as minhas pesquisas!!  Mas decidir em qual área da oceanografia queremos atuar depois de formados é difícil. Durante essa jornada, percebi a importância de estudar oceanografia química, entendi que todos os processos hidrodinâmicos envolvem cálculo e física, as minhas tardes na praia nunca mais foram as mesmas depois das aulas de geologia... E mergulhar definitivamente não é só pra ver peixinho...
     Hoje trabalho na universidade do Vale do Itajaí como mergulhadora científica. Todos os projetos dentro da universidade que envolvam o mergulho como ferramenta de pesquisa eu participo. Consigo me envolver em todas as áreas da oceanografia, e ir um pouco além. E todos os dias tem um artigo científico novo pra ler, uma pesquisa pra fazer, um projeto pra implementar, um plano pra ajustar... Não quero nunca parar de estudar oceanografia! E nem vou! 
     Outro campo que atuo é com consultoria ambiental. Todo oceanógrafo tem um olhar crítico para empreendimentos relacionados ao ambiente marinho. Eu tinha um medinho disso, porque sabia que teriam trabalhos em que eu não concordava, que sabia que alteraria o meio ambiente. Mas se você tem a legislação a seu favor, não há o que temer (outro medo, algumas leis ambientais brasileiras são muito falhas...). Você precisa se manter imparcial, apenas fazer o trabalho dentro da legislação, com ética e bom senso. Hoje em dia é um mercado de trabalho grande pra nossa profissão, que abrange todos os ramos da oceanografia. Tem muitas empresas específicas (atuando, por exemplo, apenas com plâncton, bentos, parâmetros físicos...) e empresas de consultoria ambiental que articulam todas as áreas. 
     Obrigada Shanan por me lembrar de como tenho orgulho da minha profissão! Espero que todos tenham a mesma satisfação que eu tenho, seja qualquer área de atuação. E sejamos sempre éticos! Beijos, com carinho, Ju.