DEPOIMENTO 2:
O próximo profissional a fornecer sua experiência na área da Oceanografia é a Msc. Camila Burigo Marin.
Leciona na Universidade Federal de Santa Catarina e na UNIVALI.
> Camila, muito obrigada pela participação no blog, aceitando de primeira a ideia e ainda contribuindo com novas... em breve teremos novidades!
E além disso, agradeço também pelo grande exemplo de dedicação aos Oceanos que você é pra mim e inclusive por estar do meu lado no projeto de Resíduos Sólidos... sempre teremos muito o que fazer pelos mares e é ótimo saber que audaciosos profissionais estão nesta jornada!
Foto: Glauco Caon
"Camila em uma de suas viagens à Antártica"
> O
que te levou a estudar Oceanografia?
Desde
pequena tenho uma ligação muito forte com o Mar. Mas quando me perguntavam o
que eu ia ser quando crescer eu dizia: Cientista.
Até
que tive meu primeiro contato com a Oceanografia na UNIVALI. Eu estudava no
Colégio de aplicação da UNIVALI e via os mergulhadores na piscina, os animais
serem trazidos para o museu, os pinguins doentes na reabilitação.
Isso
tudo me despertava muito interesse, eu queria entender que animais eram
aqueles, onde eles viviam e o que comiam. A partir de então comecei a fugir de
casa pra mergulhar e investigar as espécies no costão rochoso. Quando eu ia pra
escola acabava passando o recreio na biblioteca para achar explicações e os nomes
dos animais que eu tinha visto, assim comecei a responder que queria ser
Oceanógrafa.
> De
que forma aproveitou a graduação?
Nunca
fui aluna 10 em tempo integral, mas procurei sempre estudar e ler muito.
Participava bastante das aulas e sempre ia às saídas de campo. Comecei a fazer
estágio no final do primeiro ano de Faculdade e isso me abriu muitas portas
depois de formada. Acho extremamente importante sair do teórico e colocar a mão
na massa, no mar as coisas mudam e temos que estar preparados para lidar com as
adversidades.
> Experiências no mercado de trabalho:
Depois
de formada fui “abduzida” pelo laboratório de oceanografia química e poluição
marinha, da UNIVALI, onde já havia feito estágio por 3 anos, pra trabalhar no
monitoramento do Porto de Itajaí.
Após
5meses me inscrevi para uma bolsa e acabei passando para trabalhar no grupo de
oceanografia de altas latitudes da FURG, onde então fiz mestrado em
Oceanografia Física, Química e Geológica e tive oportunidade de participar de
expedições Antárticas e subantárticas. Assim que terminei o mestrado fui
selecionada para participar como pesquisadora de um projeto de cooperação do
Brasil com a Índia para investigações Antárticas.
Quando
eu entrei na Oceanografia eu não queria trabalhar com pessoas, eu ficava injuriada
com a falta de bom senso, principalmente em relação às causas ambientais. Porém
ao longo da graduação percebi que a educação era a melhor forma de mudar essa
situação, a melhor forma de chamar a atenção sobre a importância dos oceanos, o
que leva a minha atual posição no mercado de trabalho como docente. Estou a 1
ano como professora substituta na UFSC e mais recentemente na UNIVALI.
> O
que mudou na tua visão sobre a profissão desde então?
A
dimensão. Antes meu limite era o costão rochoso hoje eu sei q existe uma gama
de ambientes a serem desvendados, o nossa planeta água é imenso e pouco se sabe
sobre o que acontece nele.
O
Oceanógrafo é um profissional muito versátil, talvez seja essa imensidão de
possibilidades que me atrai e também torna o Oceanógrafo um profissional visado
no mercado de trabalho.
> Recado para quem faz ou pretende fazer oceanografia:
A
oceanografia é uma miscelânea de temas, cores e sabores. E nem sempre é fácil
se adaptar a essas condições. Embora essa diversidade de conteúdos nos dê uma
visão ampla sobre os acontecimentos e processos, também causa certa confusão no
principio. Mas o importante é não desanimar, pois quando se consegue observar a
interligação entre as coisas é algo incrível.
Acredito
que pra evoluir profissionalmente e conseguir terminar a graduação é necessário
amar o que se faz, ser audacioso e ter disposição, afinal temos um oceano de
possibilidades basta o nosso empenho.